terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Concreto no Centro-Oeste





Brasília, 13 de Janeiro, 21h. Concreto rumo à Campo Grande. Foram 14 horas de viagem abastecidas com “Amelie Poulain”, “Como água para chocolate” e “Aprendiz de sonhador”. Alguns cochilos, paradas para o xixi, o Pitanga num saco de dormir e a Zizi num cafofo embaixo do banco.

Campo Grande,14 de Janeiro, 14h. Almoçamos e fomos ao campus da UFMS, onde se encontra o Teatro Glauce Rocha. Capivaras, um belo pôr do sol e uma reserva ecológica Ilustram a paisagem.

Partimos para a montagem do Diário do Maldito, o belo teatro precisou de ser “enfeiado” com papéis picados, entulhos, muitos metros de fios e uma atmosfera de boteco. enquanto isso Maria, Nei, Jhony, Micheli, Gleide e Pitanga ensaiavam a leitura dramática do Inútil Canto e Inútil pranto dos anjos caídos.

No início da apresentação contamos com a presença de alguns morcegos, o que enriqueceu o contexto da leitura. Um dos momentos mais impactantes foi o final, as chamas e o teor contundente do texto geraram momentos de silêncio e inquietação na platéia. Um professor de direito nos pediu o texto do Plínio para trabalhar com a sua turma.

Dia 15, primeira apresentação do Diário. Tivemos uma estréia dentro da estréia, após participar 6 vezes do espetáculo como espectador, foi a primeira apresentação do Rômulo no papel do Gão substituindo o Robson. Estávamos ansiosos com a resposta do público e mais uma vez nos desdobrando para nos adaptar ao espaço. Tivemos uma outra estréia muito especial, A Ju está atacando de musicista nesta turnê, assumindo a percussão com a Regina suprindo a falta do Igor. Tudo ocorreu bem, tivemos uma grande surpresa. Pela primeira vez uma pessoa do público se despiu na cena da sala de milagres juntamente com os atores, foi uma surpresa muito boa e sincera.

Sábado tivemos também uma boa apresentação do Diário. No domingo dia 17, foi a vez do lançamento da revista Entrelinhas e Concreto e um debate com os artistas locais. Foi muito interessante a troca de experiências, conversamos um pouco sobre políticas públicas e o financiamento e manutenção do teatro na região Centro-Oeste. Contamos com representantes de grupos de Campo Grande, Cuiabá e Minas Geraes.

Na tarde de domingo nos preparamos para a nossa última apresentação do Diário. Já nos sentíamos bastante cansados e com um aperto no peito. trabalhamos muito nesses 4 dias entre apresentações, montagens e trocas, tudo tem sido bastante intenso. Procuramos ter sempre em mente a importância dessas ações e a nossa antiga vontade fazer uma turnê. As apresentações finais parecem ser sempre as mais profundas, os curtos momentos antes de começar a peça parecem únicos e infintos. Trocas de olhares, lágrimas e um coração acelerado nos trazem a certeza de que tudo isso vale muito a pena. muito amor no peito. Axé!





Sobre as invasões poéticas - Por Francis Wilker



O encontro com o público e artistas de teatro em Campo Grande foi por mim sentido com as cores da abertura e da generosidade.

Quando a gente faz um espetáculo por muito tempo, (no caso do Diário do Maldito, há quase 04 anos) dá sempre uma sensação que a emoção original do trabalho vai escorrendo pelas mãos como areia....é como se nunca mais fosse ter aquela força que tinha no início....talvez como os relacionamentos amorosos (risos). Então, quando a gente consegue apresentar e ver o jogo vivo com o público funcionar, as pessoas se envolverem, se emocionarem, se divertirem...o sentimento de gratificação pelo trabalho, por ter escolhido o caminho do teatro, por escolher fazer esse teatro que fazemos, o sentido de estar junto....tudo se renova, se oxigena...como as áreas verdes-vivas de Campo Grande. Aí, você começa a re-descobrir o espetáculo, ver aquilo que ainda pode ser aprimorado, a ter tesão novamente.

Acho que são esses os sentimentos que me tomam nesse primeiro trecho de nossa jornada pela região Centro-Oeste. O público foi muito aberto e participativo, se envolveu com todo o amor, violência e humor que há no Diário. Fomos abraçados, ou como alguns espectadores disseram no debate: "vocês nos pegam pelas mãos e dizem...vem com a gente", "o que vocês fazem é uma invasão, mas não é uma invasão violenta, é poética", "achei interessante como vocês conseguem falar de toda a violência que há na obra do Plínio com tanta leveza e poesia".

Acho que por enquanto é isso! O desejo de a invadir e ser invadido pela poesia viva do teatro.


0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial