sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O menino invisível

Cuiabá – Ruas Abertas – 21/01/2010. Problema: Como fazer a divulgação de uma intervenção? Solução: Ahá! Cartas de amor sendo entregues junto com todas as informações do grupo. Problema: Como serão entregues essas cartas? Solução: Opa! Menino de rua que em vez de pedir, oferece. Perfeito! Lá vou eu andando pelas ruas da cidade. Pés sujos, roupas rasgadas, unhas encardidas, cabelos desgrenhados, um saco velho na mão. Me senti parte da cidade. Daí vem o espanto. Problema: Por mais parecido com as outras pessoas que um menino de rua seja: dois pés, dois braços, um tronco, uma cabeça, um CORAÇÃO, ou por mais diferente que ele seja: suas vestes sujas, sua falta de comida, de moradia, de compania, de AMOR, eu andava pelas ruas e me sentia invisível! As pessoas estavam me vendo, mas fingiam não me ver. Será que é sempre assim? Como será ser ignorado a vida inteira por todos que te cercam? Eu senti isso durante alguns minutos. Algumas pessoas passavam e abaixavam a cabeça. Mudavam a direção. Fingiam não me ouvir. Ao me ouvirem dizer: “Toma, é pra você!” Muitos se sentiam invadidos. Não aceitavam a carta. Daí eu dizia: “Pode pegar. Eu não estou pedindo. Estou oferecendo!” o espanto daquelas pessoas só crescia. Aos poucos, com o tempo, percebendo que se tratava de um ator, as coisas mudaram. Acabava de me tornar um igual. Falavam comigo. Se eu não fosse um ator, nunca seria ouvido. Passaria. Só passaria por aquele lugar. Pergunta: Será que existe solução pra isso?
Rômulo Mendes - ator

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